Desenho de estudos epidemiológicos: Ecológicos

Pesquisas na qual a unidade de observação é um grupo de pessoas, em vez de um indivíduo, geralmente pertencente a uma área geográfica definida. Assim, dentro de cada grupo, não sabemos a distribuição conjunta de nenhuma combinação de variáveis em nível individual. Tudo o que sabemos é a frequência marginal de cada variável (em uma tabela 2×2, o que equivale a proporção exposta e a taxa de doença), isto é, as frequências.

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  • É também conhecido como estudo de grupos, de agregados, de conglomerados ou comunitários.
  • Neste estudo não se sabe se um indivíduo em particular da população estudada é doente ou exposto.
  • No período de 1858-1917, Emile Durkheim realizou um estudo clássico sobre religião e suicídio.
  • Neste estudo ele constatou que nas regiões onde predominavam os protestantes, as taxas de suicídio eram mais elevadas que nas regiões onde predominava o catolicismo.

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Os estudos ecológicos são realizados com base em estatísticas e sua unidade amostral é o grupo que geralmente pertence à uma área geográfica definida.

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Comparações Geográficas são utilizadas para:

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  • Indicar os riscos a que a população está sujeita;
  • Acompanhar a disseminação dos agravos à saúde;
  • Fornecer subsídios para explicações causais;
  • Definir prioridades de intervenção; e
  • Avaliar o impacto das intervenções.

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Características

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Estudo correlacional

  • Refere-se à população como um todo, e não a indivíduos; PORTANTO não é possível ligar fator de risco à ocorrência da doença na mesma pessoa.
  • Procura avaliar como o contexto social e ambiental podem afetar a saúde de grupos populacionais.

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Estudos Ecológicos ou Agregados

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Esquema: Estudos Ecológicos ou Agregados

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Relação entre a ingestão nacional de gordura per capita e a taxa de mortalidade por câncer de mama em mulheres (De Carroll 1975).

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Características

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As medidas agregadas podem ser classificadas em três tipos: 1) Indicadores agregados e contextuais, que são medidas derivadas de observações dos indivíduos dentro de cada grupo, estimadas como média ou proporções que caracterizam o grupo e não o indivíduo; 2) Medidas ambientais, que são características do lugar em que cada membro do grupo vive ou trabalha com análogos em nível individual que representam a dose de exposição que em geral variam entre os membros do grupo (ex. nível de ruído no trabalho, nível de poluição atmosférica); 3) Medidas globais, que consistem em características que afetam todos e expressam atributos do grupo, sem análogo ao nível individual (ex. modelo de organização do sistema de saúde e altitude de um município). Em geral todos esses dados são obtidos de fontes secundárias que avaliam esses indicadores periodicamente. Entretanto, em alguns casos o pesquisador pode utilizar dados de pesquisa individuais para construir indicadores contextuais.

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Delineamentos ecológicos podem ser classificados de acordo com o método de medida da exposição (sendo explanatório, se não existir uma exposição específica e etiológico se a variável de exposição primária for mensurada e incluída na análise) e de acordo com o método de agrupamento (por lugar – delineamento de grupos múltiplos, por tempo – delineamento de tendência temporal, ou por uma combinação de lugar e tempo – delineamento misto).

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Delineamentos de grupos múltiplos

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Estudo explanatório

Compara-se a taxa de doença entre muitas regiões durante o mesmo período; o propósito é procurar padrões espaciais que possam sugerir uma etiologia ambiental ou hipóteses etiológicas mais específicas. Regiões com número menor de casos observados mostram maior variação nas taxas estimadas e regiões mais próximas tendem a ter taxas mais próximas que regiões mais distantes (autocorrelação).

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Estudo etiológico

Avalia a associação ecológica entre o nível médio ou a prevalência de exposição e a taxa de doença entre vários grupos. Tipicamente, a unidade de análise é a região geopolítica. A análise de dados nesse tipo de estudo de grupos múltiplos geralmente envolve ajustar um modelo matemático aos dados.

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Delineamentos de tendência temporal

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Estudo exploratório

Envolve a comparação das taxas da doença ao longo do tempo em uma população geograficamente definida. Além de fornecer demonstrações gráficas de tendências temporais, dados de séries temporais também podem ser usados para prever taxas e tendências futuras. Um tipo especial de análise de tendência temporal exploratória, que é frequentemente usado em epidemiologia, é a análise de coorte idade-período (análise de coorte); seu objetivo é estimar os efeitos separados de três variáveis relacionadas ao tempo sobre a taxa de doença: idade, período e coorte de nascimento.

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Estudo etiológico

Avalia a associação ecológica sobre a mudança no nível médio de exposição, ou na prevalência, e a alteração na taxa da doença em uma população geograficamente definida. Pode ser feito por simples demonstração gráfica ou por modelagem de regressão de séries temporais. A inferência causal por estudos de tendência temporal é geralmente complicada por dois problemas: mudanças na classificação da doença e critérios diagnósticos e o fato de que pode haver um período apreciável de indução ou latência entre a exposição a um fator de risco e a detecção da doença (para lidar com essa última questão, o observador pode espaçar as observações entre exposição média e taxa de doença por uma duração que se presuma refletir o período médio de indução ou de latência dos casos induzidos por exposição).

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Delineamentos mistos

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Estudo exploratório

Combina características do estudo exploratório de grupos múltiplos e do estudo exploratório de tendência temporal. A modelagem de séries temporal ou a análise de coorte-idade-período podem ser usadas para descrever ou predizer tendências na taxa de doença para populações múltiplas.

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Estudo etiológico

Avalia a associação entre mudanças no nível médio de exposição, ou na prevalência, e mudanças na taxa de doença entre vários grupos. Assim, a interpretação de efeitos estimados é aumentada, porque dois tipos de comparações são feitos simultaneamente: mudança ao longo do tempo dentro dos grupos e diferenças entre os grupos.

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Vantagens

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  • Baixo custo e rápida execução -> dados disponíveis: SIM, SINASC, SINAN, IBGE, IPEA;
  • Frequentemente, não é possível medir adequadamente exposições individuais em grandes populações -> nível ecológico;
  • Estudos de nível individual não conseguem estimar bem os efeitos de uma exposição, quando ela varia pouco na área de estudo;
  • Mensuração de um efeito ecológico -> implantação de um novo programa de saúde ou uma nova legislação em saúde na melhoria das condições de saúde.

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Limitações

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  • Dados de diferentes fontes – qualidade variável;
  • Associação em nível populacional -> “falácia ecológica”.Fazer inferência causal sobre um fenômeno individual baseando-se em observações realizadas sobre um grupo;
  • Neste tipo de estudo podem ser encontradas algumas associações que podem não ser verdadeiras para o nível individual; e
  • Quase sempre: sem controle de variáveis de confusão.

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Larissa F. Araújo

Professora, PhD em Epidemiologia | Nutricionista, mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa, doutora e pós-doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais no qual participou do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil. Foi pesquisadora visitante no Rotterdam Study conduzido pela Erasmus MC em Roterdam na Holanda e, atualmente, é pesquisadora e professora na Universidade Federal do Ceará na área de epidemiologia e bioestatística

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