ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Delineamento dos estudos de coorte
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Os estudos de coorte são estudos observacionais analíticos, longitudinais, em que os indivíduos constituem a unidade de análise. São caracterizados pelo acompanhamento ao longo do tempo de uma coorte sadia (sem a doença de interesse) com o objetivo de mensurar e comparar a incidência de doenças entre grupos de indivíduos expostos e não expostos a um potencial fator de risco (ou proteção).
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Os estudos de coorte podem ser conduzidos com diversas finalidades como avaliação da etiologia de história natural e prognósticos de doenças e intervenções diagnósticas e terapêuticas. Para um estudo de coorte atingir seu propósito, após o estabelecimento cuidadoso das questões de pesquisa principais é necessário: (1) definir a população de estudo; (2) realização do estudo de linha de base; (3) monitoramento dos indivíduos com relação ao desfecho e mudanças na exposição; e (4) análise dos resultados.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Estudos de coorte são estudos observacionais em que a situação dos participantes em relação à exposição de interesse determina sua seleção para o estudo ou sua classificação após a inclusão no estudo. A meta de um estudo de coorte é mensurar e, geralmente, comparar a incidência da doença em uma ou mais coortes estudadas. A palavra coorte designa um grupo de pessoas que compartilham uma experiência, ou condição, em comum (ano de nascimento, hábito de fumar, dieta, etc). São estudos que partem da exposição em direção ao desfecho.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
No modelo mais simples de estudos de coorte, formam-se pelo menos dois grupos, os expostos e os não-expostos, de modo que os resultados em um e em outro grupo sejam comparados. Além disso, a exposição não é alocada aleatoriamente.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Inicialmente, uma população, ou amostra dessa população, é selecionada para o estudo por apresentar características que possibilitem a investigação exposição-doença. Essa população pode ser proveniente de uma amostra da população em geral (como em uma determinada área administrativa ou geográfica) ou de grupos especiais, com características que facilitem o recrutamento (trabalhadores de uma indústria, por exemplo) ou em função de estarem especialmente expostos a um fator que é raro na população (radiação terapêutica, por exemplo). É determinado o nível de exposição a que estão ou estiveram expostos os sujeitos. Por fim, a incidência de desfechos clínicos é determinada por acompanhamento periódico ou por exame final dos participantes, decorrido tempo suficiente para que os efeitos possam se manifestar.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Sinônimos: prospectivo, longitudinale estudos de seguimento
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
A incidência acumulada é calculada em cada grupo de comparação dividindo-se o número de indivíduos que desenvolvem o desfecho durante o período de observação pelo total de participantes no período de observação. Essa medida de incidência, bem como as medidas de associação correspondentes (diferença e razão entre incidências acumuladas), podem ser empregadas em estudos em que a exposição ocorra de modo bastante delimitado no tempo e o período de seguimento seja curto (e com reduzidas perdas de participantes). O prolongado período de seguimento aumenta as chances de ocorrerem perdas de participantes que, mesmo sendo aleatórias, levariam a estimativas enviesadas da incidência acumulada, pois os casos perdidos não seriam contabilizados no numerador, mas continuariam no numerador. Nessas situações, usam-se técnicas para a avaliação de populações dinâmicas, como o cálculo das taxas de incidência e de medidas de associação correspondentes (diferença e razão de taxas). A taxa é calculada dividindo-se o número de indivíduos que desenvolvem o desfecho durante o período em observação pelo total de pessoas-tempo em observação (soma do tempo em que cada indivíduo da coorte permanece em observação no respectivo grupo sem apresentar o desfecho) em cada grupo, permitindo que perdas aleatórias não enviesem os cálculos, pois os indivíduos só são contados pelo tempo que permanecem em observação.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Comparação de taxas de incidência
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Analisar um coorte é fácil? Não!
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
- Nem todos os membros entram ao mesmo tempo;
- Nem todos são seguidos pelo mesmo tempo;
- Alguns são perdidos durante o seguimento;
- Alguns morrem durante o seguimento.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Coorte
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
As coortes podem avaliar riscos médios (usando o indivíduo como a unidade no denominador) ou taxas de incidência (que usam pessoa-tempo como taxa de medida, identificando o chamado tempo em risco). Nesta última, um indivíduo pode contribuir tempo de seguimento a várias taxas diferentes, específicas por exposição. Ainda, as coortes podem contar com grupos de exposição definidos no início do seguimento e sem movimento algum dos indivíduos entre os grupos de exposição (coortes fixas). Se não ocorrerem perdas em uma coorte, ela satisfaz a definição de população fechada. Se houverem perdas e forem acrescentados novos indivíduos, essa é chamada de uma população aberta ou dinâmica.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Principais vantagens dos estudos de coorte prospectivo
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
- Permitir aos pesquisadores a observação da sequência temporal de eventos;
- Permite também a investigação de múltiplos desfechos e exposições;
- Permitem a estocagem de material biológico para análises futuras;
- Melhor controle de mudanças de status de exposição e na distribuição de variáveis de confusão ao longo do tempo.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Principais desvantagens dos estudos de coorte prospectivo
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
- Pouco adequados para desfechos raros ou com longos períodos de latência e indução;
- Muito suceptível a perda de seguimento -> viés de seleção;
- Envolve a observação de um grande número de indivíduos durante um período de tempo geralmente prolongado;
- Estudos caros e de operacionalização complexa.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Tipos de estudos de coorte
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Os estudos de coorte podem ser classificados em concorrentes/prospectivos e não-concorrentes/históricos/retrospectivos. O critério para diferenciá-los é a posição do investigador frente aos acontecimentos.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Em um estudo de coorte prospectivo, seleciona-se uma amostra de sujeitos e, então, medem-se em cada sujeitos características que poderão predizer desfechos subsequentes. A partir daí, esses sujeitos são seguidos no tempo por meio de medições periódicas dos desfechos de interesse.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
O delineamento de coorte prospectiva é uma estratégia poderosa para definir a incidência de uma condição clínica, sendo útil também para investigar suas possíveis causas. Como os preditores são medidos antes do desfecho, essa estratégia estabelece uma sequência temporal para as variáveis, impedindo que o conhecimento prévio do desfecho afete a aferição das variáveis preditoras. Um estudo prospectivo possibilita medir variáveis importantes de forma mais completa e acurada do que seria possível com uma abordagem retrospectiva. Além disso, quando doenças fatais são estudadas, as variáveis preditoras dos indivíduos que morreram só podem ser reconstruídas a partir de fontes indiretas (registros médicos ou relatos de amigos e familiares).
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Entretanto, a inferência causal é difícil e a interpretação é frequentemente complicada pela influência de variáveis confundidoras. Além disso, é uma forma cara e ineficiente de se estudar desfechos raros. A coorte retrospectiva é mais eficiente à medida que os desfechos se tornam mais comuns e imediatos.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Prospectivo/Concorrentes
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
No estudo de coorte retrospectiva, a montagem, as aferições basais ocorreram no passado e esses indivíduos são acompanhados até o presente para a verificação da ocorrência do desfecho. Só é possível se houver dados adequados disponíveis sobre os fatores de risco e os desfechos em uma coorte de sujeitos montada por outros motivos (Exemplo: Coortes históricas ocupacionais).
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Têm os mesmos pontos fortes dos estudos de coorte prospectivos, além de serem mais baratos e consumir menos tempo. As principais desvantagens são o controle limitado que o investigador tem sobre como delinear a estratégia de amostragem da população e sobre a natureza e a qualidade das variáveis preditoras. Os dados existentes podem ser incompletos, inacurados ou não ter sido medidos de forma ideal.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Retrospectivo / Histórica / Não-Concorrentes
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Uma mistura desses dois tipos delineamento também é possível, já que a seleção da coorte e a verificação do status da exposição podem ser determinadas no passado e o desfecho poderá ser investigado não apenas até o presente, mas também até um período futuro.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Misto
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Esses e outros assuntos relacionados você encontra em nosso Curso de Epidemiologia essencial EpidemioPro
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
