Fator de confusão na relação com o desfecho

O que é confusão num modelo causal em epidemiologia?

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Rothman

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Variáveis de confusão são fatores (características, etc) que explicam ou produzem toda ou parte da diferença entre a medida de associação e a medida de efeito que seria obtida com uma comparação contrafactual verdadeira entre exposição e desfecho.

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Szklo & Nieto

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Confusão ocorre quando uma associação não causal entre uma exposição e um desfecho ocorre devido a influência de uma terceira variável designada como variável de confusão.

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Causa (para Rothman):

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Comparação contrafactual das mudança na ocorrência de um desfecho na mesma população em duas situações: na presença da exposição e na ausência da exposição.

Impossível na prática!

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Alternativas utilizadas na epidemiologia

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  1. Comparar expostos e não expostos;
  2. Comparar incidência após intervenção com incidência antes da intervenção;
  3. Comparar casose controles.

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Pressuposto fundamental dessas comparações:

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Não expostos (ou expostos antes da intervenção) correspondem (equivalem) aos expostos ao confundidor na ausência da exposição “principal”.

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Esquema: Associação observada

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A variável (cigarro) é fator de confusão quando:

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  • Ela é um fator de risco conhecido para a doença;
  • Se o fator está associado ao fator de risco (consumo de café), mas não é resultado deste fator.

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A confusão ocorre quando uma associação não causal entre exposição e desfecho é observada em função da influência de uma terceira variável (ou grupo de variáveis), que se relaciona obrigatoriamente ao fator de risco e ao desfecho sob investigação.

Essa variável é denominada variável de confusão e, devido a sua influência, uma associação não causal pode surgir, fortalecer-se ou até mesmo desaparecer ou enfraquecer-se quando na verdade existe. Muitos autores consideram o confundimento como um tipo de viés.

Como regra geral, considera-se que a variável de confusão obrigatoriamente possui associação causal com o desfecho e associação causal ou não causal com a exposição. Adicionalmente, ela não pode atuar como variável mediadora na relação entre exposição e desfecho, ou seja, a exposição não pode determinar a presença ou o nível da variável de confusão.

Diferentes modelos conceituais podem nos auxiliar a compreender mais detalhadamente a ocorrência de confusão. Os pressupostos do modelo contrafactual afirmam que ao avaliar a relação entre exposição e desfecho, partimos da premissa que o desfecho observado no grupo exposto seria diferente para esses indivíduos, caso a exposição estivesse ausente.

Entretanto, é impossível avaliar o mesmo grupo de pessoas ora como expostos, ora como não expostos. Assim, por definição, o grupo não observável é denominado contrafactual, pois representa uma situação ou evento que não aconteceu no mundo real, mas que poderia ter se concretizado. Elege-se então novo grupo, formado por pessoas diferentes, com o objetivo de avaliar a relação entre ausência de exposição e desfecho.

Dessa forma, a análise epidemiológica essencialmente se fundamenta no pressuposto que um grupo de indivíduos não expostos é comparável a outro grupo de indivíduos expostos, e que o primeiro grupo representa adequadamente o grupo de expostos, caso eles não tivessem sofrido exposição. Quando esse pressuposto não é atendido, há confusão.

Dito de outra forma, a confusão ocorre em um estudo de coorte quando o risco no grupo não exposto diverge do risco que seria observado no grupo contrafactual – exposto em situação de não exposição. Num estudo caso-controle, a confusão ocorreria se os controles divergissem dos casos em relação a prevalência de alguma exposição, numa situação hipotética, contrafactual, em que os casos não tivessem desenvolvido a doença.

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Estratégias de controle de confusão nos estudos epidemiológicos

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Esquema: No desenho X Na análise

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Controle de confusão no desenho

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Randomização

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Estudos experimentais

  • Torna grupos comparáveis em tudo, exceto fator de intervenção
  • Não é alcançada quando o número randomizado é pequeno
  • Comparar grupos antes da análise em relação a variáveis conhecidas para certificar similitude
  • Grupos podem perder comparabilidade se perdas de seguimento forem grandes

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Restrição

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Critério de inclusão

  • Estudo apenas emum gênero
  • Estudo em Idosos
  • Estudo em Fumantes
  • Estudo em Obesos
  • Estudo em Crianças

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Nestes estudos, o fator de restrição não se comporta como confusão.
Entretanto, confusão residual pode ocorrer pelo fator de restrição, p.ex. idade em estudos de idosos ou crianças; IMC em estudos em obesos; carga tabágica entre fumantes, etc.

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Pareamento

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Estratégia comum em estudos de caso-controle.

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Objetivo:
Tornar casos e controles comparáveis no que concerne a distribuição de variáveis de confusão.

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Método

  • Define-se o fator de confusão que se deseja controlar e os estratos para pareamento.;
  • Ex: idade (em ano, ou 5 anos), sexo, etc.;
  • Para cada caso incidente identificado seleciona-se um controle com a mesma característica (idade, sexo, bairro).

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Vantagem: aumentar o poder do estudo, torná-lo mais eficiente.

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Como avaliar presença de confusão na análise

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  1. Definida a priori, com base no conhecimento existente sobre a associação entre exposição e confusão, e sobre a associação (causal) entre confusão e desfecho;
  2. Verificar se esta associação conhecida está presente no estudo em questão.

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  • A confusão está relacionada a exposição e ao desfecho?
  • A associação bruta entre exposição e desfecho tem a mesma direção e magnitude aproximada das associações observadas após estratificar pelos níveis do fator de confusão?
  • A associação bruta entre exposição e desfecho tem a mesma direção e magnitude aproximada após ajuste (controle) pelo fator de confusão?

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Veja abaixo:

Transcrição do conteúdo

Pensando então numa associação que seja real e começando a falar sobre a associação real, a gente vai falar do fator de confusão.

Normalmente ele é uma exposição que leva o desfecho também e que faz parte daquele mecanismo causal.

Um exemplo clássico é um pesquisador que queria compreender o efeito do consumo do café no câncer de pâncreas.

Então ele observou que quanto maior o consumo do café maior era a ocorrência de câncer de pâncreas, a sua incidência.

Mas será que essa associação ela de fato é causal e ele avançou no seu processo de estudo e compreendeu que as pessoas que também bebiam muito café eram pessoas que também tinham o hábito de fumar porque têm comportamentos de risco incomuns elas poderiam ser fumantes e aí quem fuma geralmente bebe muito café está atrelada a vou fumar um cigarrinho e vou tomar uma xícara de café.

Quem de fato leva, o que é causal o câncer de pâncreas é o tabagismo e não propriamente o consumo de café.

Então o que acontece quando o levou para um modelo estatístico e fez então o processo de análise estatística essa associação entre café e câncer de pâncreas sumiu estatisticamente.

Porque quando eu levei em consideração outros fatores que estão no caso de confusão que é o consumo de cigarro que era ele que criava uma associação aqui ao acaso entre o consumo de café e câncer de pâncreas.

Então muitas vezes a gente tem que pensar na verdade no nosso estudo.

Será que existem outros fatores que levaram a esse desfecho?

Isso começa na revisão de literatura, começa no desenho do seu estudo porque isso precisa ser medido dentro do seu estudo também não só a exposição que você quer investigar.

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Quick Game: Escreva um exemplo de confusão entre uma exposição e um desfecho.

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Larissa F. Araújo

Professora, PhD em Epidemiologia | Nutricionista, mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa, doutora e pós-doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais no qual participou do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil. Foi pesquisadora visitante no Rotterdam Study conduzido pela Erasmus MC em Roterdam na Holanda e, atualmente, é pesquisadora e professora na Universidade Federal do Ceará na área de epidemiologia e bioestatística

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