Vigilância das doenças crônicas não transmissíveis

A vigilância epidemiológica (VE) tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida.

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Essa definição configura o conceito contemporâneo de vigilância e dá suporte para o uso do trinômio “informação-decisão-ação” para se definir VE. Essas atividades devem ser contínuas e sistemáticas para que haja a consolidação desses dados e disseminação dos resultados para todas as esferas de interesse (nacional, estadual e municipal).

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A prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) não é um tema novo, e ganhou relevância a partir da década de 70 devido aos avanços no conhecimento sobre os seus fatores de risco, complexidade e custos crescentes do tratamento dessas doenças. Como as DCNT compartilham fatores de risco comuns, como o tabagismo, inatividade física, obesidade, consumo excessivo de álcool e alimentação não saudável, a redução da exposição a esses fatores tem impacto na incidência e controle de várias doenças. Ou seja, uma política de prevenção centrada nesses fatores é altamente efetiva.

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Conceito de Vigilância

Observação contínua, Coleta sistemática de dados, Disseminação de informação

→ Estratégias de controle

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Informação → Decisão → Ação

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Vigilância epidemiológica

Informações geradas permitem:

  • Orientar medidas de prevenção/controle de doenças;
  • Detectar novos problemas de saúde;
  • Gerar estimativas de coeficientes de morbidade e mortalidade;
  • Identificar possíveis fatores de risco para a ocorrência da doença;
  • Gerar hipóteses para estudos epidemiológicos.

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Vigilância em DCNT

Mortalidade, Morbidade, Fatores de Risco?

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Morbidade e mortalidade:

  • Refletem risco acumulado durante a vida, mudam lentamente;
  • Portanto, pouco sensíveis para indicar mudanças correntes no perfil de risco da população (positivas ou negativas).

Fatores de risco:

  • Prevalência indica perfil de risco atual, potencialmente alterável;
  • Tendência varia no curto prazo e mudanças têm efeitos potenciais duradouros;
  • Subsidia estratégia populacional: mais custo-efetiva;
  • Identifica grupos de risco / vulneráveis.

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DCNT

Por que o que vigiar?

  • São evitáveis pela redução da exposição aos fatores de risco ao longo da vida;
  • A morbidade atual reflete exposições no passado;
  • Possível reduzir morbi-mortalidade no médio e longo prazos pela redução da exposição aos seus fatores de risco na atualidade;

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Portanto: Vigilância de DCNT baseia-se no monitoramento da prevalência dos fatores de risco na comunidade para sua prevenção.

OMS: Propõe vigilância integrada dos principais fatores de Risco para DCNT.

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Vigilância por passos padroniza indicadores para vigilância em três estágios:

  • Entrevistas
  • Medidas Físicas
  • Medidas bioquímicas

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No Brasil, temos três grande inquéritos populacionais (VIGITEL, PeNSE e PNS) que são importantes para o monitoramento dos fatores de risco e morbidade, a Política Nacional de Promoção da Saúde e o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil que contribuem para a prevenção e controle da morbimortalidade por essas doenças.

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Relação dos fatores de risco para as DCNT

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As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), principalmente doença cardiovascular, câncer, diabetes, e doenças respiratórias crônicas, são causadas por vários fatores ligados às condições de vida dos sujeitos, determinados pelo acesso a bens e serviços públicos, garantia de direitos, acesso à informação, emprego e renda e possibilidades de fazer escolhas favoráveis à saúde.

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Seus fatores de risco vêm sendo classificados como não modificáveis ou modificáveis pela mudança de comportamento e por ações governamentais que regulamentem e reduzam, por exemplo, comercialização, consumo e exposição de produtos danosos à saúde.

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Entre os fatores modificáveis, a ingestão de álcool em grandes quantidades, o tabagismo, alimentação não saudável e a inatividade física. Já entre os fatores não modificáveis, destaca-se a idade, a hereditariedade, e a raça.

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Sabe-se que as DCNT’s são multicausais e compartilham fatores de risco em comum. Ações e políticas públicas voltadas para diminuição desses comportamentos de risco à saúde tem o potencial de redução de várias DCNT’s.

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Fatores de risco modificáveis

Principais fatores de risco para morte e incapacidade em quase todos os países, incluindo os desenvolvidos:

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Tabela: Fatores de risco modificáveis

Fonte: Noncommunicable Diseases Country Profiles 2018.

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O potencial de prevenção das DCNTs varia de:

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30%

para câncer

até

75%

para doença
cardiovascular

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Fonte: Mendis S. The policy agenda for prevention and control of non-communicable diseases. Br Med Bull. 2010;96:23-43.

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Oportunidade de prevenção e controle

Fatores de risco não modificáveis:
sexo; idade; herança genética.

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Fatores de risco modificáveis:

Tabagismo;
Alimentação;
Inatividade física;
Álcool.

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Determinantes macro:

Condições sócio-econômicas;
Culturais;
Ambientais.

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↓↓↓

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Fatores de risco intermediários:

Hipertensão
Dislipidemia
Obesidade / sobrepeso
Intolerância à Glicose

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Eventos que desejamos evitar:

D. coronariana
D. cérebro-vascular
D. vascular periférica
Vários cânceres
DPOC /enfisema
Diabetes

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Indicadores e metas (até 2030) para DCNT

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Tabela: Indicadores e metas (até 2030) para DCNT
Tabela: Indicadores e metas (até 2030) para DCNT
Tabela: Indicadores e metas (até 2030) para DCNT

Fonte : Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022.

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Veja os videos abaixo:

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Quik Game

O Guia Alimentar para a população brasileira seria uma estratégia de prevenção das DCNT?

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Larissa F. Araújo

Professora, PhD em Epidemiologia | Nutricionista, mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa, doutora e pós-doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais no qual participou do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil. Foi pesquisadora visitante no Rotterdam Study conduzido pela Erasmus MC em Roterdam na Holanda e, atualmente, é pesquisadora e professora na Universidade Federal do Ceará na área de epidemiologia e bioestatística

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