Diferença entre Taxa de Mortalidade Geral e Mortalidade Proporcional: Explicação e Exemplos

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Você sabe a diferença entre Taxa de Mortalidade Geral e Mortalidade Proporcional?

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Mortes por AVC em duas comunidades de mesma estrutura etária:

Tabela: Taxa Mortalidade e Mortalidade proporcional

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Os resultados mostram queo risco de morrer de AVCé duas vezes maior na comunidade B do que na comunidade A?

A resposta é NÃO!

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A>B

A taxa de mortalidade na comunidade A é maior comparado a comunidade B.
Assim, outras causas de óbito contribuem em maior ocorrência que o AVC para a mortalidade proporcional na comunidade A comparada a B.

Criando uma falsa impressão que o risco de morrer por AVC é menor na comunidade A comparada a B. Contudo, as taxas de mortalidade por AVC em ambos os municípios são iguais, 3 por 1000 pessoas.

Apesar da mortalidade proporcional possa nos dar uma rápida visão das maiores causas de morte, ela não pode nos indicar o risco de morte de uma doença.

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> Taxas de mortalidade!

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A taxa de mortalidade expressa o risco de morte. Em seu denominador estão as pessoas residentes em um determinado local e período. Ou seja, que estão sob risco de morte. Assim, a taxa de mortalidade reflete o risco de um indivíduo vir a óbito a cada 100 mil pessoas residentes de determinado local e período. Já a mortalidade proporcional reflete o percentual da contribuição de uma causa/característica no total de óbitos, sem considerar as pessoas sob risco, em um determinado local e período.

Contudo, a mortalidade proporcional é importante por ajudar a compreender as principais causas de óbito entre diferentes locais e/ou períodos de tempo.

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Padronização da taxa de mortalidade

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Método DIRETO

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Uma importante utilização dos dados da mortalidade é comprar duas ou mais populações, ou a mesma população em diferentes períodos de tempo. Tais populações podem diferir em relação a muitas características que afetam a mortalidade, das quais a distribuição etária é a mais importante.

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A população padrão pode ser real, tal como uma das populações envolvidas na comparação ou aquela de um outro país, ou ser fictícia, como por exemplo, a média ou soma das populações envolvidas na análise.

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No método direto, os coeficientes de mortalidade específicos por faixas etárias de uma determinada população são aplicados sobre os respectivos contingentes populacionais da população padrão selecionada.

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Assim, teremos o número de óbitos esperados em cada faixa etária, caso essa população tivesse a mesma estrutura etária da população padrão. Dividindo-se o somatório do número de óbitos esperados pela população padrão total e multiplicando por uma constante, temos a taxa de mortalidade geral padronizada.

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  • Usada para comparar grandes populações como cidades, estados e países;
  • Utiliza uma população padrão ou de referência para comparar as duas populações;
  • Aplica-se a taxa de óbito específica por faixa etária de cada localidade à população padrão;
  • Responde à pergunta:
    Qual seria a taxa de mortalidade geral nas cidades comparadas se elas tivessem a mesma estrutura etária da população padrão ou de referência? 

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Esquema: Padronização de taxas: Método direto

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Esquema: Padronização de taxas: Método direto

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Taxa de mortalidade 

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Bruta Brasil

5,5 óbitos a cada 1.000 pessoas

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Bruta Inglaterra e País de Gales

10,1 óbitos a cada 1.000 pessoas

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Brasil padronizada

(676.562 / 52.943.284) x 1.000

12,8 óbitos a cada 1.000 pessoas

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Padronização método direto: passo a passo

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  1. Selecione a população padrão: Inglaterra e País de Gales em 2000;
  2. Identifique as taxas de mortalidade brutas das duas populações que se pretende comparar: 5,5/1.000 (Brasil) e 10,1/1.000 habitantes (Inglaterra e País de Gales);
  3. Especifique a população por faixa etária da população padrão (Inglaterra e País de Gales);
  4. Especifique a taxa de mortalidade por faixa etária de população que se pretende padronizar (Brasil);
  5. Calcule o número de óbitos esperados para o Brasil  multiplicando as taxas especificas por idade pela população da Inglaterra e País de Gales na mesma faixa etária;
  6. Calcule a taxa de mortalidade padronizada por idade => soma dos óbitos esperados no Brasil dividido pela população padrão total, e multiplique por umaconstante (1.000). 

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Fonte: Medronho R; Bloch KV; Luiz RR; Werneck GL (eds.). Epidemiologia. Atheneu, São-Paulo, 2009, 2ª Edição

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No exemplo acima, após remover o efeito da idade da população do Brasil, pois padronizamos a taxa de mortalidade geral do Brasil ao utilizar a estrutura etária da Inglaterra e País de Gales, podemos comprar as duas taxas de mortalidade. Observamos, sem o efeito da idade, que o risco de morte no Brasil é maior que o risco de morte na Inglaterra e País de Gales, sendo portanto por outras causas que não a idade.

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Método INDIRETO

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Muitas vezes a padronização pelo método direto não é possível devido a inexistência do número de mortes para cada faixa etária ou em contingentes populacionais muito pequenos (ao todo ou segundo faixa etária). Assim, os coeficientes de mortalidade ficam susceptíveis a grandes variações frente ao acréscimo ou redução de poucos óbitos.

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A padronização pelo método indireto é muito utilizada em populações submetidas a exposições ocupacionais e responde à seguinte pergunta: Pessoas expostas a má condições de trabalho ou a certos agentes químicos têm maior risco de morrer que a população geral?

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Para o obter o total de óbitos esperados caso a população exposta a uma condição de trabalho tivesse o mesmo risco de morte que a população geral é necessário multiplicar a taxa de mortalidade por faixa etária ou total da população padrão pela população correspondente em cada faixa etária ou total proveniente da exposição/ocupação que se pretende investigar. Se razão entre o somatório dos óbitos observados pelo somatório dos óbitos esperados for igual a 100 indica que o risco de morrer é o mesmo nas duas populações; se for acima de 100, que o risco de morrer devido à aquela exposição/ocupação excede o esperado; e se abaixo de 100, que o risco observado é menor que o esperado.

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Muitas vezes a padronização pelo método direto não é possível.

  • Inexistência do número de óbitos por faixas etárias na população de interesse;
  • Contingentes populacionais muito pequenos (ao todo e por estrato de idade).

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Muito utilizado para comparar a mortalidade observada em populações submetidas a exposições ocupacionais.

  • Pessoas expostas a má condições de trabalho ou a certos agentes químicos têm maior risco de morrer que a população geral?

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Padronização método INDIRETO: Estima uma razão

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Exemplo

  • Em uma população de 534.453 mineradores brancos, do sexo masculino, ocorreram 436 mortes por tuberculose (TB) em 1950. 
  • O risco de morte em mineradores foi maior, menor ou igual ao risco de morte de homens brancos na mesma faixa etária na população geral?
  • A Razão de mortalidade padronizada (RMP) igual a 100 indica que o risco de morrer é o mesmo nas duas populações;
  • Acima de 100 que o risco de morrer excede o esperado;  
  • Abaixo de 100 que o risco observado é menor que o esperado.

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Computação da taxas de Mortalidade Padronizada (TMP) para tuberculose, todas as formas (TB), em Mineradores Brancos com idade entre 20 e 59 anos, Estados Unidos, 1950.

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Tabela: Padronização INDIRETA  estima uma razão

Adaptado de Vital Statistics: Special Reports, Washington, DC, Departamento of Health, Education and Welfare, vol 53(5), 1963. (Gordis, 2010).

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Fórmula: Padronização INDIRETA  estima uma razão

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Padronização método INDIRETO: Passo a passo

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  1. Selecione a população padrão = Homens população geral EUA;
  2. Identifique a população de interesse ou de estudo= Mineradores brancos EUA;
  3. Identifique as taxas de mortalidade nos diferentes grupos etários da população padrão;
  4. Multiplicar a taxa de mortalidade da população padrão por idade na população de interesse em cada faixa etária;
  5. Somar o número de mortes esperadas em cada faixa etária para obter o total de óbitos esperados;
  6. Comparar o número de óbitos observados com o total de óbitos esperados com  base nas taxas de mortalidade da população padrão.

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Fonte: Gordis L. Epidemiologia. Editora Revinter. 2004. 2ª Edição. / Gordis L. Epidemiology. Elsevier Science. 2004. Third Edition

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Larissa F. Araújo

Professora, PhD em Epidemiologia | Nutricionista, mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa, doutora e pós-doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais no qual participou do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto-Brasil. Foi pesquisadora visitante no Rotterdam Study conduzido pela Erasmus MC em Roterdam na Holanda e, atualmente, é pesquisadora e professora na Universidade Federal do Ceará na área de epidemiologia e bioestatística

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